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Radio Gamer

sábado, 18 de junho de 2011

Velocidade em marcha lenta

Pouco conhecida no Brasil, a NASCAR Sprint Cup Series é a principal modalidade do automobilismo norte-americano. O esporte acumula mais audiência que a NBA e, de acordo com dados oficiais, conta com 75 milhões de fãs apenas nos EUA e movimenta, anualmente, US$ 3 bilhões em produtos licenciados.
O primeiro contato dos gamers brasileiros com a NASCAR se deu, provavelmente, com o título Daytona USA, lançado pela SEGA em 1994. Até hoje é possível encontrar os clássicos fliperamas com quatro assentos, nos quais já foram gastos pelo menos alguns milhares de reais em fichas. Por outro lado, nos EUA, devido à sua popularidade, a categoria tem jogos praticamente anuais, assim como FIFA ou Pro Evolution Soccer.
Img_normalApós o fim do contrato da NASCAR com a EA Sports, a franquia ficou sumida por dois anos. Agora, ressurge com NASCAR The Game 2011, game publicado pela Activision e desenvolvido pela Eutechnyx. A empresa com certa experiência no ramo da velocidade e é responsável por títulos como Big Mutha Truckers e The Fast and The Furious.

Aprovado

Como um piloto profissional
NASCAR The Game 2011 faz um bom trabalho ao transferir a experiência de uma temporada da categoria para os video games. Todas as 36 pistas que fazem parte do campeonato completo estão lá, incluindo circuitos famosos como Daytona, Indianapolis e Talladega. O peculiar sistema de pontos também está presente, premiando não apenas aqueles que chegam em primeiro, mas também os pilotos mais rápidos da corrida e aqueles que lideraram o maior número de voltas.

As pistas também aparecem como uma reprodução fiel das contrapartes reais. Arquibancadas, grades e caminhões das equipes estão posicionados como visto na televisão, e exibem um extremo cuidado com os detalhes. Por isso, ponto para a Eutechnyx.
Elenco completo
Para qualquer jogo que pretenda ser uma reprodução fiel de uma categoria esportiva, o bom licenciamento é essencial. Nesse aspecto, NASCAR The Game 2011 preenche o requisito e traz todos os pilotos e equipes que participaram da temporada 2010 da modalidade. Isso inclui, também, fichas técnicas dos competidores e até mesmo seus históricos de conquistas.
Img_normalAqui, o cuidado com os detalhes prestado pela Eutechnyx se faz presente mais uma vez. Os veículos e macacões dos pilotos são um retrato perfeito de suas versões reais, incluindo os patrocinadores (que não são poucos) e a diversidade de elementos presentes no painel dos carros. Apesar de não ser possível brincar com eles, todos estão lá e ampliam ainda mais a sensação de realidade pretendida pelo game.
Acidentes impressionantes
Colocar 40 carros para percorrer pistas estreitas em alta velocidade pode ser uma receita para o desastre. Felizmente, para os fãs, essa é exatamente a fórmula das corridas de NASCAR e está presente também na versão digital das corridas.

Durante os pile ups, como são chamados os acidentes, a corrida é interrompida para exibição de um replay completo do desastre, com foco no causador da destruição. É aí que entra em cena, também, o sistema de danos dos veículos, que reagem de maneira adequada às colisões e deixam partes espalhadas por todo o circuito.
Os acidentes também podem salvar erros de estratégia durante as corridas, pois exigem a entrada do safety car e reduzem a distância entre os carros até a relargada. Nesses momentos também é possível realizar um pit stop e voltar na última colocação, mas com condições de obter um bom resultado antes da bandeira quadriculada.
Eventos diferenciados
Apesar das corridas competitivas da temporada serem o prato principal de NASCAR The Game 2011, a Eutechnyx incluiu também alguns eventos para diferenciar o gameplay. Um deles, por exemplo, exige que o jogador permaneça no vácuo dos adversários por um determinado período de tempo, obtendo assim bônus especiais e mais pontos de experiência.
O melhor deles, porém, é o “Eliminator”, um tipo de corrida presente também em outros jogos do gênero. Aqui, o último colocado é eliminado a cada 15 segundos, até que reste apenas o piloto que está em primeiro lugar. Esse tipo de evento é o que garante mais pontos e, nos níveis mais altos, os oponentes se tornam mais agressivos até mesmo que nas corridas decisivas do campeonato.

Reprovado

Cuidado pela metade
Até aqui, falamos sobre a atenção dedicada pela Eutechnyx aos detalhes do game. Isso, porém, se resume apenas às pistas e patrocinadores. Quando se observa os gráficos de NASCAR The Game 2011, é impossível não reparar que os carros se parecem mais com caixotes sobre rodas, por serem extremamente quadrados e não apresentarem praticamente nenhuma curva.
Experimente jogar com um veículo que não conta com propagandas na parte traseira para observar, inclusive, momentos em que a textura se “desprende” dos polígonos, Isso sem contar a ausência quase completa de reflexos na lataria. As diferenças de iluminação existem, mas não são nada sutis: ou a carroceria está totalmente no escuro ou aparece completamente clara.
Levando isso em conta, é estranho reparar que um crachá, mostrado durante os carregamentos, apresente texturas perfeitas para reproduzir o plástico e um cuidado apurado com a iluminação. O recurso é utilizado para exibir estatísticas do piloto e da pista.
Quedas na contagem de frames por segundo também são frequentes, e acontecem principalmente quando o veículo é desacelerado durante uma curva. Como em qualquer jogo de corrida, as freadas são constantes, por isso, acostume-se a enxergar o jogo como uma apresentação de slides.
O suspense está me matando!
Loadings compridos não são uma novidade na indústria e estão presentes em grandes jogos, como Grand Theft Auto IV ou Red Dead Redemption. Porém, em ambos os casos, o carregamento serve para carregar um mundo extenso de uma só vez, de forma a não incomodar mais o jogador. Em NASCAR The Game 2011, não funciona bem assim.
Durante nossas análises, foi preciso esperar 25 segundos para a mudança entre o menu principal do título e a tela de seleção de corridas. A seguir, mais 18 segundos de carregamento até o início efetivo da prova. Caso o piloto escolha participar dos treinos classificatórios, terá de aguardar mais um pouco para transição até a corrida. O tempo é extremamente alto e capaz de frustrar até mesmo o mais paciente dos jogadores.
Em comparação, o game F1 2010 tem loadings que duram cerca de 20 segundos e carregam completamente o evento, desde os treinos livres, passando pelos classificatórios até a corrida. A espera demandada por NASCAR The Game 2011 é inexplicável e resulta, provavelmente, de uma má programação.
Bugs em alta velocidade

Como já dissemos, qualquer prova que conte com mais de 40 carros correndo perigosamente próximos uns dos outros é receita certa para acidentes. Em NASCAR The Game 2011, eles acontecem o tempo todo mas, estranhamente, procuram favorecer os adversários controlados pelo computador, e não o jogador.
Em diversos momentos, um simples toque entre os dois últimos colocados da prova é capaz de causar a entrada do safety car na pista. Em outros, um pile up causado pelo segundo colocado envolve sete carros, incluindo o do jogador, mas é considerado pela inteligência artificial como um incidente normal de corrida. Aparentemente não há um padrão, e os juízes virtuais dessa versão de NASCAR apenas atuam quando querem.
Tal fator é capaz de destruir qualquer corrida brilhante. Ao jogador, então, resta apenas aceitar a derrota ou reiniciar a prova. E é aí que entra o segundo grande vilão do game: os bugs, que travam o console completamente e exigem que, em muitos casos, ele tenha que ser desligado da tomada para ser reiniciado.
Antes só do que mal acompanhado
Alguns podem pensar que os problemas com a inteligência artificial poderiam ser facilmente resolvidos no modo online, já que apenas motoristas reais estarão nas pistas. Esse pensamento não poderia estar mais errado, já que NASCAR The Game 2011 apresenta um dos piores multiplayers já vistos em um game de corrida.

O vídeo acima é uma representação fiel do que acontece no início de muitas corridas online. Os carros simplesmente surgem em cima uns dos outros, ocasionando uma largada lenta ou a entrada de um safety car antes mesmo do início da prova.
Os problemas se estendem também aos rankings online que, muitas vezes, falham em salvar as pontuações ou colocações dos participantes da corrida. Além disso, em alguns momentos, é possível ver, no topo da tabela, jogadores que não acumularam nenhum ponto durante a prova.
Carro-esqueleto
Em um acidente sensacional, o carro do jogador sai do chão e capota diversas vezes no ar, perdendo muitas peças no processo. Ao voltar ao chão, é atingido por outro competidor e lançado longe, parando no meio da pista de cabeça para baixo. Milagrosamente, o veículo ainda está em condições de competir e, após a bandeira amarela, volta à prova completamente sem lataria.
Tal situação, que em condições reais poderia significar até mesmo a morte do piloto, é totalmente possível em NASCAR The Game 2011, e até bem comum. É impossível quebrar o carro de forma que ele não esteja em condições de competir, e todos os pilotos que iniciarem a corrida chegarão ao seu final, mesmo que estejam dirigindo apenas o esqueleto do veículo.

Vale a pena?

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NASCAR The Game 2011 pode até impressionar de início, com gráficos detalhados e ambientação interessante, mas não sobrevive à primeira jogada, devido aos gráficos ruins e inteligência artificial falha. Nem mesmo o licenciamento completo e a os eventos diferenciados ajudam a diminuir a frustração causada pelo game desenvolvido pela Eutechnyx.
O título ainda tem um longo caminho a seguir se quiser competir com os grandes jogos de corrida como Gran Turismo 5, Forza Motorsport e Need for Speed. Se você é fã de NASCAR e deseja jogar um bom game do gênero, passe longe desse título e vá até o fliperama mais próximo gastar algumas fichas em Daytona USA.

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